O título pode parecer meio bobo e até é mesmo, mas eu queria trazer minha opinião sobre essa aquisição e colocar tudo em uma perspectiva que acho que falta um pouco às pessoas quando analisando essa compra.
O blog, como sempre foi desde sua primeira iteração, não tem como objetivo trazer notícias, até porque, vocês já tem acesso à notícias por dezenas de milhares de outros portais, portanto gostaria de trazer algo único aqui sempre.
A Microsoft comprou a Bethesda, como todos sabem, pagando a bagatela de 7.5 bilhões de dólares americanos, pra uma empresa do tamanho da Microsoft, você pode até achar que é um valor pequeno ou então “justo” para essa aquisição, afinal a Bethesda é uma das developers e publishers com um histórico praticamente impecável, pelo menos no que diz respeito ao mercado.
Colocando em números, eu queria trazer algumas comparações:
Em 2009 a Disney comprou o direito de filmes da Marvel (sem Spider-Man, X-Men e Quarteto Fantástico) por 4 bilhões de dólares e em 2012 a mesma Disney comprou a franquia Star Wars, até então a maior franquia da história (hoje em dia Pokémon, Hello Kitty, Winnie the Pooh e Mickey Mouse ultrapassaram Star Wars) por 4.05 bilhões de dólares.
Claro que ambos os valores devem ser ajustados para a inflação, mas nota-se logo de cara, que a Microsoft não pagou barato nessa brincadeira.
Muitas pessoas discutiram sobre o que a Sony devia fazer para “contra-atacar” esse movimento da Microsoft, chegaram a ventilar a ideia da Sony comprar a Rockstar.
Só pra vocês terem uma noção, a Sony é uma empresa que tem o valor de mercado de 95 bilhões:
O revenue reportado dela em 2019 foi de 18 bilhões:
Para sermos completamente justos, coloquei somente o revenue da divisão de games, caso consideremos a Sony como um todo, a receita deles sobe:
Para ela adquirir a Rockstar, o certo seria fazer como a Microsoft fez com a Bethesda, comprando sua empresa “mãe”, que para a Bethesda é a Zenimax Media e para a Rockstar é a Take-Two:
Cujo valor de mercado é de 18.79bi, ou seja 1/5 do valor da Sony e a receita INTEIRA de um ano da divisão de games.
Só pra deixar claro, eu não estou dizendo que é impossível, eu estou só querendo trazer alguns números à tona, para que vocês mesmos parem e pensem se é factível.
Em 2018, já havia saído a notícia de que GTA V, um PRODUTO, da Rockstar, divisão da Take-Two, tinha se tornado o produto de entretenimento mais lucrável da história, tendo lucrado 6 bilhões desde seu lançamento (fonte) e estima-se que até 2020 ele tenha lucrado mais de 8bi (mais do que o valor que a Microsoft pagou pela própria Bethesda), já que o jogo lucrou MAIS AINDA durante a pandemia.
Eu não vou colocar a receita da Microsoft com games, porque ela é admitidamente uma divisão que não lucra muito atualmente, apesar de que pelo que os números do Gamepass indicam, isso vai mudar em breve.
Só que só para vocês terem uma ideia, da diferença de ordens de magnitude de uma empresa como a Sony contra um titã como a Microsoft, vejam o market cap da Microsoft:
Nós estamos falando de uma empresa de 1.5 trilhões de dólares, disputando com a Apple possivelmente a Saudi Aramco para ser a primeira empresa a valer 2 trilhões de dólares.
A Sony e a Microsoft não competem na mesma liga, apesar de ter alguns mercados em comum, a Microsoft está anos-luz à frente no que diz respeito à caixa e confiança dos investidores para tomar decisões sobre aquisições.
Enquanto isso, a Sony encolhe, fecha fábricas (incluindo no Brasil) e se resume à cada vez menos mercados, apesar destes mercados estarem indo super bem e esta ser uma decisão extremamente inteligente de focar onde ela se dá bem, ela não está em condições de esticar os braços e pegar novos estúdios, até mesmo porque, ela está muito bem servida de estúdios first-party e é quase um fato indiscutível de que os exclusivos dela estão em outro patamar, tanto na visão dos críticos quanto na opinião dos jogadores.
A Rockstar, mesmo sendo muito menor, está de vento-em-popa, com um investimento antigo que fez em GTA V e que rende até agora, quebrando recordes, mantendo-se do jeito que está.
Portanto, estabelecemos que:
-A Microsoft é um monstro no mercado e poderia comprar muitos outros estúdios
-A Sony não é tão grande e está confortável com os estúdios que ela já tem
-A Rockstar não tem motivo para ser adquirida e muito provavelmente é cara demais para a Sony tentar fazer uma oferta
Só nos resta falar sobre a Bethesda, não? Como essa empresa caminhou até ser adquirida pela Microsoft?
Bom, agora vou ligar um pouco o modo de história:
Confesso que não fui muito um cara de Oblivion nem de Morrowind, mas se tem uma coisa que eu lembro BEM é quando lançou Skyrim e acho que a melhor forma de demonstrar isso é com esse vídeo que bombou bastante na época:
Era simplesmente isso mesmo, o povo entrou em um simples êxtase ao ver o anúncio e os trailers do jogo, eu via em fórums, os usuários postando o tempo de jogo que eles tinham em outros jogos da Bethesda e eu ficava embasbacado e eu simplesmente PRECISAVA entrar nesse mundo.
Dois dias antes do lançamento do jogo, surgiu uma promoção numa plataforma, semelhante à nuuvem, que vendia keys de jogos da Steam, chamada Xogo, onde o jogo saiu por apenas XX reais.
Não pensei 2x e fiz a pré-compra e já tinha baixado, lembro que o jogo era minúsculo e foi imensamente elogiado pela capacidade de compactar os arquivos de um mapa tão grande quando o de Skyrim, ele tinha algo entre 4 e 6gb no dia em que lançou e isso era absurdo porque Call of Duty Modern Warfare 2 tinha 10gb na Steam, foi um choque.
Chega o dia do lançamento, eu baixo o jogo, mas tenho que ir trabalhar e ir pra faculdade, chego exausto da aula e inicio o jogo.
O jogo já começa com aquela bagunça danada, pouco tempo após você ser introduzido àquele mundo, já tem um dragão zaralhando o vilarejo em que você se encontra e você já tem que escolher entre seguir um cara que estava preso junto de você ou o que estava do lado dos que queriam te matar (escolha difícil).
Não importa quem você escolha o início, principalmente pra quem nunca tinha se aventurado nos jogos da franquia, não é nada fácil, os controles são um pouco confusos, as armas são extremamente pesadas e o dano é pequeno, TUDO é confuso, é uma baita adrenalina e uma das poucas coisas que eu lembro que tinha lido sobre o jogo (tentei evitar spoilers ao máximo) é que eu devia ter cuidado com ursos.
Ok, ao final da sequência de stress máximo, você passa reto do urso sem chamar a atenção dele, vê uma luz ao fim do túnel e finalmente sai da caverna e vê pela primeira vez as terras de Skyrim, com as montanhas no horizonte (e se você pode vê-las, pode escalá-las) e um dragão sobre elas, tudo isso com ESTA MÚSICA tocando (clique para ouví-la no Spotify ou ouça-a aqui embaixo mesmo) e eu juro pra vocês que meus olhos se enxeram de lágrimas.
Claro que hoje em dia, nesse mundo pós-moderno em que tudo é blasé, é meio cliché um jovem-adulto falar que se emocionou jogando videogames, ainda mais com Skyrim, mas é simplesmente a verdade, aquele acúmulo de acontecimentos em tão rápida sucessão de eventos culmina de uma maneira lindíssima para se iniciar o jogo, foi um dos primeiros jogos que eu joguei no meu PC em um dos primeiros PCs que eu comprei para rodar games mesmo, antes disso sempre foram quebra-galhos de PCs de trabalho antigos dos meus pais adaptados para rodarem meus jogos.
Skyrim evoca uns sentimentos muito especiais em mim, coisa que a série Fallout nunca conseguiu emular.
Voltando ao tema principal do post, quando eu fiquei sabendo que a Bethesda, A BETHESDA, estava sendo adquirida e se tornando um estúdio first-party da Microsoft, eu sabia que essa era A aquisição, esse é “A Disney compra a Marvel/Star Wars” do mundo dos games, não precisei nem saber do valor para conseguir entender a magnitude dessa fusão.
Apesar de ao longo dos anos, posteriores ao lançamento de Skyrim, a reputação da Bethesda ter aos poucos se desgastado, acusada de emburrecer as suas franquias para atingir um público maior, mesmo começando com Skyrim, indo pra Fallout 4 e culminando com o desastroso lançamento de Fallout 76 (que eu até que gosto e é meu guilty pleasure, confesso) a Bethesda ainda mantém seu status de desenvolvedora lendária, mas encontrava-se num estado muito mais fragilizada, quem sabe perdendo a confiança dos seus antigos fãs e afastando consumidores.
Nós temos várias promessas vazias para o futuro, Elder Scrolls 6, quando? Starfield? O que é isso?
Apesar dos números da Bethesda estarem bons e como publisher ela ter alguns títulos interessantíssimos, era claro que a reputação dela estava em declínio.
Entra no palco, a Microsoft, a empresa que estava precisando de títulos de peso para o seu catálogo do Gamepass, junta com a Bethesda, a desenvolvedora em decadência que precisava voltar a brilhar e a gente tem o espetáculo completo.
Ninguém sabe o que esperar dessa combinação, vamos ter jogos exclusivos da Bethesda para o Xbox? Vão ser multiplataforma surgindo no Gamepass no dia do lançamento?
Não importa qual a resposta, a única coisa que eu sei é, se houver a menor chance de termos um Elder Scrolls 6 saindo somente para o Xbox ou de graça no Gamepass no dia do lançamento? Eu quero tê-lo.
Só essa notícia e a possibilidade da Microsoft adquirir novos estúdios, já justificam a compra de um Xbox Série S ou X, junta isso com o serviço de entretenimento mais incrível da atualidade que é o Gamepass e você tem sucesso garantido.
A Microsoft tá tão de parabéns nessa preparação para a nova geração que até no Japão eles começaram a movimentar alguns números, sendo o Xbox series X o segundo mais vendido em um dos maiores sites de vendas do mundo.
O post Microsoft compra Bethesda – O que isso significa? apareceu primeiro em Main Quest.